Como funciona o mercado de carbono?
Como funciona o mercado de carbono?
Tudo o que você precisa saber para começar a entender o mercado de carbono.
A agricultura se apresenta como uma importante fonte de captação ou sequestro do carbono atmosférico. Por este motivo, o mercado de carbono traz benefícios para o meio ambiente, além de se apresentar como mais uma alternativa para obtenção de renda a partir da produção agrícola.
Leia esse artigo e descubra como funciona o mercado de carbono e como agricultores podem fazer parte deste ecossistema.
Como a agricultura captura carbono?
As emissões de gases do efeito estufa (GEE) geradas pelo desmatamento, poluição e outros fatores, acumulam o carbono no ar. De acordo com o Livro Agricultura De Baixo Carbono, Da Embrapa Milho E Sorgo, a agricultura de baixo carbono é fundamental para mitigar os efeitos dos GEE, e reduzir a temperatura média do planeta.
Neste contexto, além de reunir práticas sustentáveis e sistemas de produção que captam o carbono disperso no ar na forma de GEE, a agricultura de baixo carbono é fundamental para o mercado de créditos de carbono.
Produtores que tem como objetivo capturar carbono ao longo das safras, podem se basear no Plano ABC e Plano ABC+, do Ministério Da Agricultura. Ambos os planos são considerados referências mundiais para projetos que visam o sequestro de carbono na agricultura sustentável.
Entre as práticas recomendadas para capturar carbono na agricultura, estão:
- Adoção do sistema de plantio direto
A Manutenção Da Palhada No Solo Promove o acúmulo de carbono devido a intensa atividade biológica característica desses resíduos, Gerando Matéria Orgânica, ou seja, carbono imobilizado.
- Recuperação de pastagens
Pastagens degradadas possuem pouca cobertura vegetal e baixa matéria orgânica. Com sua recuperação estruturada em semeadura, adubação e manejo adequado, o solo começa a acumular carbono, reduzindo em pelo menos 60% a emissão de CO2.
- Integração lavoura-pecuária
A adoção de sistemas integrados, com um alto volume de matéria seca contribui para o aporte de carbono no solo. - Florestas
Funcionam como sumidouros de carbono. De acordo com publicação dos pesquisadores Harris e colaboradores, Na Revista Científica Nature Climate Change, as florestas absorvem duas vezes mais carbono do que emitem por ano. - Fixação biológica de nitrogênio
Para se produzir 1 kg de Fertilizante nitrogenado se emite mais de 10 kg de carbono para a atmosfera. Com as bactérias nitrificantes agindo a favor da agricultura, reduz-se o uso fertilizantes nitrogenados, gerando uma economia anual em torno de 7 bilhões de dólares.
As ações necessárias para realizar o sequestro de carbono contribuem diretamente com a produtividade, conservação e melhoria do solo, água e biodiversidade.
Como funciona o mercado de carbono?
Empresas com níveis de emissões muito elevados compram os créditos como forma de mitigar o seu efeito no meio ambiente, incentivando outros empreendimentos a captarem o carbono produzido por seus processos.
De forma geral, trata-se de uma compensação financeira à empreendimentos, sejam eles agrícolas ou não, que capturam carbono por meio de práticas sustentáveis durante seus processos.
Um crédito de carbono equivale a uma tonelada de carbono imobilizado.
Em dinheiro,
um crédito de carbono pode valer em torno de 10 a 70 dólares, dependendo do tipo de mercado de carbono.
Existem dois tipos de mercado de carbono:
- Regulado: possui regras específicas para funcionar, que são estabelecidas pelo governo com foco em atingir as metas de redução das emissões.
- Voluntário: empresas podem comprar os créditos de projetos certificados.
A quantificação e remuneração no mercado de carbono
Nos mercados voluntários existem programas de certificação que quantificam o carbono capturado por meio de metodologias específicas. De acordo com o Laboratório de Inovação Financeira (LAB), a emissão de créditos de carbono por meio de certificadores funciona conforme o passo a passo:
- 1º - Documento de Concepção do Projeto (DCP)
É o projeto inicial que estima o quanto e por quanto tempo os créditos serão considerados de acordo com a metodologia adotada.
- 2º - Relatório de validação
Uma empresa credenciada e independente pelo padrão de certificação precisa validar o PDD e emitir um relatório final sobre a análise.
- 3º - Relatório de monitoramento
Em seguida é gerado esse relatório que reúne informações de monitoramento das reduções ou remoções de GEE alcançado dentro de um período que varia de um a cinco anos.
- 4º - Relatório de verificação
É emitido um atestado do volume de créditos gerados no período considerado. - 5º - Emissão dos créditos
Os créditos são emitidos e o desenvolvedor do projeto pode solicitar a emissão de créditos do período.
A partir daí, os créditos recebem um número de série para sua identificação, e o desenvolvedor pode vender ou “aposentar” os créditos, caso sejam utilizados para o cumprimento de obrigações ou compensações de emissões.
O mercado de crédito de carbono no Brasil
Em maio de 2022, o governo federal Publicou no Diário Oficial um decreto sobre o que pode vir a ser um mercado de carbono nacional. O texto é considerado o início de uma pauta mais sólida sobre o assunto, após os chamados Pagamentos por Serviços Ambientais.
O país ainda tem um mercado restrito, mas possui boas ideias, que têm valorizado o mercado de carbono em solo brasileiro. Algumas iniciativas do governo abrem portas para que empresas privadas desenvolvam projetos na área.
Além dos próprios protocolos de captura de carbono, que provavelmente serão desenvolvidos por cada país, considerando suas realidades locais, o mercado de carbono exige novas tecnologias para progredir.
É fundamental que as ferramentas utilizadas para monitorar as lavouras sejam adaptadas para estimar a quantidade de carbono capturada em diferentes processos da produção agrícola.
Entre as soluções que podem ajudar a acelerar o mercado de carbono, estão os sistemas integrados ao maquinário, os sensores no solo e o monitoramento via satélite.
