Passo a passo para manejar o bicudo-do-algodoeiro
Passo a passo para manejar o bicudo-do-algodoeiro

Os ataques do bicudo podem comprometer de 70% a 100% da produtividade do algodão.
O manejo de pragas é um fator restritivo para o cultivo do algodão por conta do custo elevado. Para se ter ideia, o valor gasto com aplicações de inseticidas para controlar insetos e ácaros no algodoeiro, pode representar até 30% do orçamento total da produção.
Considerando que o bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) é uma das principais pragas que afetam a produção de algodão no Brasil e no mundo, o manejo correto deste inseto é fundamental para evitar perdas de produtividade, e gastos elevados com operações ineficientes.
Para saber como evitar os impactos do bicudo-do-algodoeiro na cultura do algodão, e otimizar seus investimentos em manejo de pragas, leia este artigo até o final e confira:
- Dinâmica de pragas da cultura do algodão.
- Características do bicudo-do-algodoeiro.
- Passo a passo do manejo do bicudo-do-algodoeiro.

Dinâmica de pragas da cultura do algodão
O conceito de praga é dinâmico, e depende de uma série de fatores que se modificam conforme a ocasião.
Um inseto pode ser considerado praga ou não, em função de:
- Fatores ecológicos
Nível populacional e época de ocorrência. - Fatores econômicos
Valor econômico, objetivo da cultura, característica e intensidade do dano e custo de controle. - Fatores sociais
Desenvolvimento da região e momento histórico. - Fatores culturais
Nível técnico do agricultor. - Interação entre esses fatores.
No Brasil, cerca de 259 espécies de pragas se alimentam da cultura do algodão. Dentro deste grupo, 12 são consideradas pragas importantes, juntamente com 3 espécies de ácaros. As pragas do algodoeiro são classificadas em dois grupos:
- Pragas chave
São artrópodes fitófagos, que estão presentes na lavoura em elevado nível populacional, e que provocam injúrias capazes de acarretar perdas significativas na produção. - Pragas ocasionais
São artrópodes fitófagos, que estão presentes na lavoura em baixo nível populacional, e que provocam injúrias pouco significativas.
O bicudo-do-algodoeiro pertence ao grupo das pragas chave, porque apresenta um potencial de danos à cultura muito elevado.
Características do bicudo-do-algodoeiro
Os ataques do bicudo podem causar impactos de 70% a 100% na produtividade do algodoeiro. O prejuízo acontece quando a fêmea oviposita e se alimenta nos botões florais. Após a oviposição, os botões se fecham, e a larva da praga se alimenta do fruto de dentro para fora.
Neste contexto, o hábito alimentar do inseto impede o desenvolvimento da maçã, causando amarelecimento e queda da estrutura reprodutiva.
O bicudo-do-algodoeiro prefere se alimentar dos botões florais do terço médio das plantas de algodão. Para ovipositar, o inseto procurar pelos botões florais da parte superior da planta.
As principais características do inseto, são:
- Período de ovo ao adulto dura 20 dias.
- Oito gerações por ciclo de algodão.
- Adulto vive de 20 a 40 dias.
- Oviposições acontecem em botões florais da parte superior da planta.
- Cada fêmea pode botar até 150 ovos.
- Período de incubação – 2 a 4 dias.
- Fase larval - 4 a 12 dias
- Na entressafra, os adultos diminuem o metabolismo e procuram refúgio.
- Voltam a atacar nos primeiros plantios.

Passo a passo do manejo de bicudo no algodoeiro
Tomando por base os dados da Consultoria e Suporte Técnico, a #AgIn desenvolveu uma metodologia de manejo do bicudo-do-algodoeiro que pode ser apresentada em um passo a passo otimizado.
Conheça os 7 passos do manejo do bicudo-do-algodoeiro:
- Passo 1
Logo após a colheita, é muito importante realizar a destruição total das soqueiras e respeitar e cumprir o vazio sanitário de cada região. Isso é essencial para reduzir a pressão e o foco da praga.
- Passo 2
É necessário instalar um bom armadilhamento de tubo mata-bicudo. Assim, manejamos os bicudos que restaram mesmo sem as soqueiras da safra anterior. - Passo 3
Começar o monitoramento com armadilha 60 dias antes do plantio, identificando as zonas de maior pressão durante o pré-plantio. - Passo 4
Iniciar o trabalho de manejo nas bordaduras entre 10 a 15 dias após o plantio. Como o bicudo não tem o hábito de voar para longe, ele inicia seu ataque nas bordaduras, em sentido ao centro da área. Esse é o momento ideal para manejar o inseto. - Passo 5
Depois do surgimento do primeiro botão floral da planta de algodão, é necessário realizar uma aplicação geral para manejar o inseto, utilizando como base as informações coletadas no armadilhamento durante o pré-plantio. Nesse momento o inseto encontra as condições ideais para aumentar a população – o bicudo depende do botão floral para se multiplicar. Sendo assim, identificando a presença do inseto nas lavouras nessa etapa, deve ser realizada a aplicação de inseticida para manejo. - Passo 6
Continuam o monitoramento e o manejo do bicudo em bordadura a cada cinco dias. Assim, conseguimos segurar ao máximo o avanço da praga na lavoura, mantendo o inseto abaixo do nível de dano econômico. - Passo 7
Caso ele apareça nas áreas centrais da lavoura, a opção é adotar o nível de controle (ou ponto de gatilho) para tomar a decisão de manejo. Ao encontrar de 3% a 5% de danos provocados pelo bicudo nas plantas, é necessário realizar a aplicação.
Uma dica que vale ouro: a concentração de plantio, uma rápida colheita e a destruição de soqueiras, são práticas importantes, que ajudam no controle do bicudo para a próxima safra.
Dicas para monitorar pragas no algodoeiro
De modo geral, o monitoramento de pragas do algodão é uma prática indispensável para manejar qualquer inseto que cause prejuízos à cultura.
A rotina de monitoramento do algodoeiro deve acompanhar o desenvolvimento das plantas, o que faz com que a dinâmica desse trabalho mude a cada estágio da planta.
As dicas para o monitoramento de pragas do algodoeiro são:
- Dedicar 1 monitor para cada 500 hectares.
- Até 45 dias após a emergência (DAE), avaliar 5 plantas por ponto de amostragem - mínimo de 40 pontos por talhão.
- Após 45 DAE, avaliar 1 planta por ponto de amostragem – mínimo 100 pontos por talhão.
- Até 150 DAE – monitorar a cada 3 dias.
- Após 150 DAE - monitorar a cada 5 dias.
- Atenção para o horário - sempre entre 7h e 18h.

Fatores que contribuem para a disseminação do bicudo
Além de realizar o manejo correto do bicudo-do-algodoeiro, é fundamental se atentar para os fatores que contribuem para a disseminação do inseto.
Entre os principais fatores que contribuem para que a praga se desloque entre as lavouras, estão:
- Soqueiras de algodão que sobrevivem na cultura da soja
O inseto pode se alimentar da planta de algodão na safra de soja, até que o plantio do algodão ocorra novamente. - Estradas com algodão
Quando a colheita de algodão ocorre muito próximo a estradas, é comum que algumas plumas sejam levadas pelo vento para fora da propriedade. Isso favorece a ocorrência do bicudo, que encontra alimento nos restos culturais do algodão. - Caminhões mal acondicionados
O transporte irregular dos fardões de algodão pode deixar fibras pelo caminho, causando o mesmo problema do tópico mencionado acima.
Saiba mais sobre o manejo da cultura do algodão
Para saber mais sobre o manejo de pragas na cultura do algodão, acesse nosso e-book, e conheça o comportamento, as características, impactos e métodos de manejo das lagartas, percevejos, pulgões e ácaros que impactam a produtividade do algodoeiro.
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Você também pode conhecer o manejo da cultura do algodão desde o plantio na nossa websérie “100% Algodão”, disponível no YouTube: